Proteja seus olhos na montanha: guia essencial de óculos de sol

Óculos de sol para montanha, fundamentais. Foto: HelenLovesMountain

Nossos olhos precisam de proteção

Costuma-se falar dos danos que a radiação ultravioleta exerce sobre a pele e a forma correta de evitá-los. Mas tão ou mais importante é proteger nossos olhos da radiação.

Os olhos são uma das partes do nosso corpo mais expostas e sensíveis ao ataque dos raios UV. E essa sensibilidade aumenta na montanha, onde, devido à altitude, a defesa da nossa atmosfera é cada vez menor.

O ozônio e o oxigênio da atmosfera são responsáveis por bloquear todos os raios UVC e a grande maioria dos raios UVB, mas quanto mais alto subimos, menos densa é a camada de ar e sua proteção é menor. Em relação à radiação recebida ao nível do mar, a intensidade da radiação solar é:

• 50% maior a 2000 metros
• Muito mais que o dobro a 4000 metros

Mesmo os raios infravermelhos, normalmente inócuos para o corpo, podem causar problemas de secura excessiva nos olhos em alta montanha.

A existência de neve é outro problema adicional: um terreno sem neve pode refletir 20% da luz solar, enquanto que o mesmo terreno em condições de neve reflete entre 80 e 90% da luz solar.

Os óculos de sol: um EPI ignorado

Na montanha, estamos acostumados aos equipamentos de proteção individual, comumente conhecidos como EPI: cordas, capacetes, arnês, mosquetões, piolets, crampons...

E, embora muitas vezes desconhecido, os óculos de sol são um EPI, especificamente um EPI de categoria 1 e, como tal, tem uma norma que regula suas características para garantir ao usuário que cumpre com todas as exigências de proteção.

Essas características estão contempladas na EN ISO 12312-1: 2013 sobre proteção ocular e facial.

Entre os indicadores que devem constar nos óculos para cumprir a normativa, além de marca, modelo e o selo CE obrigatório, está o da categoria de proteção dos próprios óculos, dos quais falaremos mais tarde.

Homologação normativa de óculos de sol

Problemas da falta de proteção ocular na montanha

Em exposição não muito prolongada:

• Dor nos olhos
• Olhos vermelhos
• Queimaduras
• Visão turva

Em exposição prolongada no tempo:

• Catarata
• Fotoceratite
• Pterígio ou cegueira

Além disso, os óculos não nos protegem apenas do sol. Em ambientes florestais, evitam danos de galhos, silvas e, sempre, de insetos, partículas carregadas pelo vento, etc.

Condições de neve e forte luminosidade, necessidade de alta proteção.

Os óculos de sol sempre protegem da luminosidade e da radiação ultravioleta?

São duas coisas diferentes:

• A luminosidade é a luz visível
• A radiação ultravioleta não é visível. Seu comprimento de onda é inferior a 400 nanômetros (UV400)

Costumam andar de mãos dadas. Mas nem sempre. Portanto, por precaução, deve-se sempre verificar o nível de proteção luminosa e o de proteção contra a radiação.

O pior dos casos seriam lentes com proteção luminosa e sem proteção contra radiação. Nessa situação, as pupilas dilatam-se ao receber menos luz e, como não há escudo contra a radiação ultravioleta, esta penetra em maior quantidade e aumenta o dano.

Por outro lado, em óculos de montanha existem lentes com muito pouca proteção luminosa e, no entanto, proteção total contra a radiação.

A possibilidade de que a proteção luminosa não seja garantia de proteção UV400 é um dos motivos pelos quais só se deve comprar óculos garantidos e de qualidade, de preferência preparados para montanha. Nunca se deve usar óculos sem garantia de proteção.

Se comprou os seus óculos de sol na Barrabes, esta proteção está assegurada. Mas cuidado com os modelos baratos de homologação duvidosa.

Correndo pela estepe no verão, alta proteção ocular necessária

Categoria de proteção luminosa dos óculos de sol

A categorização dos óculos é uma das exigências da normativa europeia UNE-EN ISO 12312-1:2013.

Podem ser 5:

• Categoria 0: absorvem de 0 a 19% da luz visível. Transmitância óptica de 100 a 81%.
• Categoria 1: absorvem de 20 a 57% da luz visível. Transmitância óptica de 80 a 43%.
• Categoria 2: absorvem de 58 a 81% da luz visível. Transmitância óptica de 42 a 19%.
• Categoria 3: absorvem de 82 a 91% da luz visível. Transmitância óptica de 18 a 9%.
• Categoria 4: absorvem de 92 a 97% da luz visível. Transmitância óptica de 8 a 3%.

As mais comuns para atividades na montanha são as de categoria 3 e 4, sendo as de categoria 2 também bastante utilizadas sempre que não encontramos condições de muito sol em terreno com neve.

Existe certa tendência nas marcas de óculos de sol de qualidade em marcar a porcentagem de luz filtrada. É algo útil, se levarmos em conta que há categorias, como a 1 e a 2, que abrangem 61 pontos percentuais (entre 20 e 81 por cento).

UNE-EN ISO 12312-1:2013 em gráfico do INSST.

As vantagens das lentes fotocromáticas

Se tivermos dúvidas sobre o quão escuros precisamos que nossos óculos sejam, podemos optar por uns fotocromáticos.

São lentes que, de acordo com a luminosidade reinante, mudam seu grau de proteção, escurecendo ou clareando. Algo especialmente útil na montanha, onde as condições meteorológicas mudam com grande velocidade. Os modelos atuais são capazes de passar de um extremo de proteção a outro em aproximadamente 20 segundos à temperatura ambiente.

Óculos fotocromáticos categoria entre 0 e 3. Julbo Rush Reactiv Performace

Diferenças entre os óculos de sol segundo a cor da lente

Normalmente, as cores mais comuns na montanha são cinza, amarelo/marrom e vermelho/laranja.

• Cinza: Maior proteção contra luminosidade, percepção correta das cores.
• Amarelo/marrom: Captam perfeitamente os contrastes e relevos, diminuem a fadiga visual
• Vermelho/laranja:Esportes de neve, melhoram o campo visual

Óculos polarizados

Em determinadas superfícies como lâminas de água (rios, mar, lagos…) ou neve, ou em superfícies planas como uma estrada, a luz refletida pelo sol viaja em direção aos nossos olhos em uma única direção, provocando uma intensidade incômoda. Também provoca fortes reflexos.

Para evitar esses ofuscamentos e reflexos, existem os óculos polarizados. Só deixam passar os raios de luz refletidos em direção não incômoda, vertical para as superfícies planas. Permitem-nos ver com mais nitidez e detalhe, e minimizam os ofuscamentos.

Material da lente

Os materiais mais comuns nos óculos de sol são o vidro e o policarbonato. Mas, na montanha e no esporte, a opção mais comum é o policarbonato.

• Muito leve
• Extremamente resistente a golpes e impactos
• Custo mais econômico
• Moldagem mais eficaz e simples
• Ao contrário do vidro, bloqueia a passagem da radiação ultravioleta

Armação, tamanhos e curva base

Na montanha, no esporte em geral, que os óculos se ajustem perfeitamente e não os sintamos é prioritário. Um ajuste correto que não se mova e não aperte.

É preciso escolher, além disso, um formato de armação que se adapte ao nosso perfil facial:

• Próximas ao rosto darão problemas de embaçamento e suor, e são incômodas para pessoas com cílios longos.
• Distantes não protegem como deveriam.

Devem apoiar sem incômodos no nariz e nas orelhas. Têm que ter um material antiderrapante que funcione mesmo quando suamos.

Os materiais flexíveis, inclusive moldáveis, são os melhores para atividades aeróbicas e rápidas. Quando a atividade envolver risco de golpes e quedas, melhor uma armação mais rígida.

A variedade de armações é muito ampla:

• As armações suspensas, sem fechamento na parte inferior e menos fechadas na superior, são excelentes para atividades aeróbicas, pois permitem maior circulação de ar que evita o acúmulo de embaçamento e suor, aliviando ainda a lente. BTT, corridas de montanha...
• As armações clássicas, as fechadas, são mais resistentes e protegem melhor da radiação e dos reflexos quando estamos transitando sobre neve ao não deixar espaços entre a lente e o nosso rosto. São as mais adequadas para alta montanha. É conveniente que tenham algum tipo de proteção antiembaçante se formos utilizá-las em condições muito frias.

Óculos curvos Uvex Skyryse S3

A curva base está relacionada com a curvatura da lente e da armação. Poderemos ler nas especificações coisas como Curva Base 6, Curva Base 8, etc.

Em termos oftalmológicos é mais complicado, mas em termos esportivos, a curva base indica o quão envolventes serão esses óculos.

• Curva base alta (8 e superior): para rostos finos
• Curva base baixa (8 e inferior): para rostos mais largos

Os óculos de curva base mais alta protegem mais, ao impedir a penetração lateral de luz. Além disso, dão-nos maior ângulo de visão.

Em alguns modelos, especialmente de alta montanha, a falta de curvatura é compensada com protetores laterais. É o caso dos comumente denominados óculos de geleira.

Óculos de geleira

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